terça-feira, 3 de setembro de 2013

Casamento de Cristal e Casamento de Barro


Muitos relacionamentos são construídos como o cristal, lindos por fora, vibrantes, encantadores, mas, extremamente frágeis e ao primeiro atrito se quebram em mil pedacinhos. Pois assim como é a estrutura do casamento, os cônjuges também o são, ou seja, são duros, inflexíveis e não se deixam moldar. Vivem numa constante crise de “Gabriela – Eu vivi assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim e vou morrer assim, sempre Gabriela.”



Imaginem o que seria do Super Homem se ele tivesse vivido em Krypton?! Não seria super, afinal de contas, seu planeta era constituído por cristais...imutáveis e ao mesmo tempo instáveis. E qual é mesmo o ponto fraco do super homem?? Pois é...uma kryptonita.

Casamentos de cristais são armas letais aos relacionamentos humanos e nem mesmo um super herói é capaz de resistir a eles.

Cristo sempre nos ensinou a nos moldar. Crescer requer mudanças! Temos que aprender a nos moldar... Pois quem está em Cristo nova criatura é! E assim como é na vida, devemos proceder no casamento. Devemos ter um casamento de barro!

Sim, é verdade que o barro não é tão bonito de fora; pode não brilhar tanto, pode não aparentar nem ostentar tanta beleza...mas o barro está disposto a mudar, a se realinhar, a se transformar em outra coisa, numa coisa melhor!

Num relacionamento não existe só um lado com razão! Existem os erros e acertos de ambos os lados. Nunca existe um só culpado!!! Você já se perguntou no que está errando??? Porque em toda relação é necessário dois para se fazer existir, logo os erros são dos dois lados.

E então o que difere o casamento de cristal do casamento de barro??? Exatamente a disposição de entrega e de se deixar moldar para não mais existir o MEU ou o SEU barro. Para juntos nos transformar em nosso prato de barro, depois na nossa caneca, depois num vaso...e a cada ano passado juntos, construir um novo objeto de barro...sempre mudando, sempre crescendo, sempre unidos... Esmagados sim, pelos problemas da vida, mas sabendo que juntos somos maleáveis e que não importa o que nos sobrevenha, seremos capazes de nos moldar mais um vez.

Porque o verdadeiro barro, não perde umidade, não racha e se rachar se remenda. O verdadeiro barro jamais se acaba, tudo espera, tudo crê, tudo sofre e tudo suporta.  
Fomos feito do barro...fomos moldados por Deus...estamos em constante mutação...e se quisermos um casamento próspero e feito de momentos felizes devemos nos permitir mudar, devemos nos transformar em barro!

O Cristal pode até ser lindo, mas é estático... imutável. É algo apreciável mas não tem função na vida cotidiana e logo que cair irá se partir em muitos pedaços.
Um casamento durável é aquele moldado dia após dia, com todos os problemas que a vida nos impõe e que ainda assim permanece úmido.
E então??? Que relacionamento você quer para sua vida? Barro??? Então, mude!!!

Naquele que nos moldou do pó da terra e que deseja que nos tornemos melhores a cada dia,

Renata.



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

No Reino de Deus um ato vale mais que mil palavras.




O homem vê para os olhos, mas o Senhor vê para o coração*
*Tradução Literal do Hebraico de 1 Samuel 16.7


O pastor Jeremias Steepek (foto) se disfarçou de mendigo e foi a igreja de 10 mil membros onde ia ser apresentado como pastor principal pela manhã. Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam “oi” para ele. 

Para algumas pessoas, ele pediu moedas para comprar comida. Ninguém na Igreja lhe deu algo. Entrou no templo e tentou sentar-se na parte da frente, mas os diáconos o pediram para que ele se sentasse na parte de trás da igreja. Ele cumprimentava as pessoas que o devolviam olhares sujos e de julgamento ao olhá-lo de cima à baixo.

Enquanto estava sentado na parte de trás da igreja, escutou os anúncios do culto e logo em seguida a liderança subiu ao altar e anunciaram que se sentiam emocionados em apresentar o novo pastor da congregação: “Gostaríamos de apresentar o Pastor Jeremias Steepek”. As pessoas olharam ao redor aplaudindo com alegria e ansiedade. Foi quando o homem sem lar, o mendigo que se sentava nos últimos bancos, se colocou em pé e começou a caminhar pelo corredor. Os aplausos pararam. E todos o olhavam. Ele se aproximou do altar e pegou o microfone. Conteve-se por um momento e falou:

“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e você me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiros e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ “O Rei responderá: ‘Digo a verdade:o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.”

Depois de haver recitado o texto de Mateus 25:34-40, olhou a congregação e lhes contou tudo que havia experimentado aquela manhã. Muitos começaram a chorar, muitas cabeças se inclinaram pela vergonha. O pastor disse então: “Hoje vejo uma reunião de pessoas, não a Igreja de Jesus Cristo. O mundo tem pessoas suficientes, mas não suficientes discípulos. Quando vocês se tornarão discípulos?”. Logo depois, encerrou o culto e despediu-se: “Até semana que vem!”

Ser cristão é mais que algo que você defende. É algo que vive e compartilha com outras pessoas!



terça-feira, 30 de julho de 2013

Por seus frutos os conhecereis e não por títulos!


Considerações sobre a visita do Papa ao Rio de Janeiro


Como o assunto da última semana, no país, foi a visita papal; por aqui também não poderia ser diferente e algumas reflexões cabem nesse momento. Uma das coisas que mais saltou aos olhos foi como algo óbvio, mediante o evangelho, pôde ter sido transformado em título de manchete:  Oh!!! O Papa pediu para retirar os vidros do carro!!!.... Oh!! o Papa quer um carro simples, sem ser blindado!!! Oh!! Oh!!! Oh!!!...e não seria este fato, mediante ao que Cristo nos ensinou, o mínimo que poderíamos esperar...SIMPLICIDADE?!
A humanidade anda tão carente de Deus, que uma coisa que se espera, de todo aquele que carrega Cristo no coração, é tratada com algo de outro mundo. Jesus não usaria carro de luxo, aliás nem carro ele usaria. Ele andaria no meio do povo, tocando as pessoas, falando com elas; e todo aquele que carrega o espírito de Cristo assim deve proceder, este é o mínimo que se espera!
O ministério de Jesus e o convite que ele faz é o IDE!!! É no caminho que se faz discípulos, é tendo contato com gente!!! É tocando o corpo que se toca a alma... Tocando, sentindo, vivendo, comendo, conversando e socializando com o outro.
Jesus frequentava o templo, mas ele não vivia o tempo inteiro atrás das paredes “sagradas”. É no campo, na casa dos excluídos, ajudando enfermos, salvando pessoas, andando pelas cidades que encontramos a maior parte dos relatos sobre a vida de Cristo no Novo Testamento. E qualquer um que carregue seu espírito deve assim proceder!
Ohhhh!!! Você deve ter feito tal ruído ao ler o que aqui está escrito, afinal, como um blog “evangélico” pode defender o Papa?!
Bom, este é um espaço cristão, e tudo e todos que anunciarem Cristo como o Deus vivo, O Verbo que morreu para nos salvar, merece respeito e deve ser chamado de irmão!
Se temos a mente de Cristo já não julgamos a capa, os rótulos, mas as atitudes de tais homens no Caminho!
Retirando as “mariolatrias” nada tenho contra o homem Francisco, pelo contrário, ele é digno admiração por “peitar” anos e anos de ostentação do Vaticano.  
Francisco não é aos olhos do evangelho um Santo Padre, mas, é sim, um padre santo! É um bom homem de Deus, como tantos outros...ou por acaso, só é bom quem carrega o título de evangélico?! Aliás, alguns assim considerados, nada carregam do evangelho verdadeiro, diga-se de passagem.
Podemos não cometer “mariolatrias”, mas cometemos constantemente “pastoriolatrias”, egolatrias, “estupidiolatrias’...
Podemos não adorar a santos, mas muitas vezes nos auto intitulamos santos, senhores e sabedores da verdade absoluta e então pergunto: não estamos tão equivocados ou mais que àqueles?! Afinal, tudo que Cristo NÃO nos ensinou passa a ser criação de homens, vaidade e que em nada corrobora para nossa salvação. Mas mesmo assim, Jesus, por amor e por sua graça nos redime de nossos pecados, porque ele vê além do corpo.
Cristo vê nosso basar (coração) e em nosso coração não há espaço para teologias, ou bandeiras de Igreja A, B ou C. Há apenas Jesus e o amor que cada homem nutre no caminho, e observe que esse amor é indiferente dele crer ou não em Deus. Ainda falaremos sobre ateísmo, mas isso é assunto para um próximo post.
Vamos relembrar o que diz a Bíblia em Mateus 7:16-23.


Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
Não pode a arvore boa dar maus frutos; nem a arvore má dar frutos bons.
Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
Portanto, pelos frutos os conhecereis.
Nem todo que me diz: Senhor! Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu Nome não fizemos muitas maravilhas?
E Então lhes direis abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vos que praticais a iniquidade.
Mateus 7:16-23

  A Bíblia nos diz que só os fariseus, levitas ou saduceus herdarão o reino de Deus? Ou diz que herdará todo aquele que fizer a vontade de Deus?! Quem foi o próximo na parábola do bom samaritano? Aqueles dos quais se esperavam bondade ou foi um excluído que ajudou o ferido?! Ora assim como um livro não deve ser julgado por seu título, mas pelo conteúdo que esboça; um homem não deve ser julgado pela religião a qual pertence, mas pela religiosidade que vive, afinal, é pelos frutos que os conhecereis!
Francisco pode não ser meu Papa, mas é meu irmão em Cristo!


Nele que não faz acepção de pessoas,  


Renata.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Quando o morrer é viver.




Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Filipenses 1:21-22

O homem sempre esteve diante do medo e da dúvida da morte e nunca soube muito bem como lidar com essa questão. Ainda mais em tempos remotos quando o ser humano não possuía um cânon a seguir, não tinha instruções para se basear. Então como os povos mais antigos conseguiam lidar com a questão da morte?

Tomando por base os mitos do Oriente Médio, observamos que os mesmos tratavam a morte como um processo de renascimento, ou seja, “o morrer fazia parte do renascer”. E essas questões de dor e morte eram tratadas dentro do mito de fertilidade de diferentes povos do antigo Oriente.
Então como conceituar “mito” sob o prisma da contemporaneidade?
O escritor Mircea Eliade a esse respeito diz:

Constitui a história dos atos dos seres sobrenaturais;
Essa história é considerada verdadeira e sagrada;
O mito se refere sempre a uma criação, conta como algo começou a existir, ou como um comportamento, uma instituição ou um modo de trabalhar foram fundados. E por isso os mitos constituem os paradigmas de todo ato humano significativo;
Que conhecendo o mito conhece-se a origem das coisas. E desse modo é possível dominá-la e manipulá-la a vontade.
(...) que de uma maneira ou de outra vive-se o mito no sentido em que se fica imbuído de força sagrada e exultante dos acontecimentos evocados ritualizados.

Logo, podemos “simplificar” o conceito de mito como sendo a tentativa de explicar aquilo que o ser humano desconhece, ou seja, o sobrenatural.
Por exemplo, como se deu a criação do homem? Tal arquétipo pode ser encontrado em diversas culturas, sobre diferentes ópticas, mas que convergem para um ponto em comum: um ser supremo e soberano (divino) resolve fazer sua criação (homem).
Observe o excerto abaixo do mito babilônico em consonância com o Gênesis da Bíblia Cristã.

A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu”.(SANDARS, 1992, p. 94).

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.(GENESIS, cap. 1, ver. 26).

“Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”.(GENESIS, cap. 2, ver. 7).


             Assim como no relato bíblico que o homem era puro e sem maldade, na epopéia de Gilgamesh há semelhança na narrativa.

“Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra. Enkidu comia grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água com os animais da floresta; junto com os rebanhos de animais de caça, ele se alegrava com a água”.(SANDARS, 1992, p. 94).

“Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento”. (GENESIS, cap. 1, ver. 29-30).


            Dessa forma, podemos verificar que o homem procura no mítico uma explicação não só para a criação do mundo, mas para questões mais complexas e que o desnorteia, dentre essas: a morte.
            Sob essa abordagem o mito passa a ser instrumento de sabedoria que guia os povos antigos mantendo-os em comunhão com o “sagrado”.
            Joseph Campbell diz que as tradições mitológicas do mundo ensinam que a morte não é o fim.
            A morte é retratada em vários mitos do Oriente, como no Inanna (deusa mesopotâmia da fertilidade), que a morte significa humilhação; e que todo aquele que por ela passar terá um renascimento do seu ser.
            Assim como no Livro dos mortos, no qual se afirma sobre o mito de Osíris, que o ser humano não é condenado, uma vez que quem morre sobre solo egípcio pode voltar à vida sobre a proteção do deus do cereal (Osíris).
            Semelhantemente como a semente tende a morrer para se tornar fecunda e aprimorar-se como uma planta vistosa, assim o morrer surge como uma necessidade para crescimento do ser humano sob a visão mitológica dos povos mais antigos oriundos do Oriente Médio. 
            Também para nós, o morrer não chega a ser diferente, já que para viver o evangelho puro e simples, é necessário ao velho homem morrer, para que em Cristo uma nova criatura possa viver. Somos postos no mundo como semente que precisa e deve morrer para se transformar em árvore frutífera. Assim, cada semente (ser humano) poderá transformar-se em uma única árvore, com características e serventia próprias, sabendo que cada semente só pode germinar uma única vez.  
O morrer para o mundo nos torna solo fértil para uma nova consciência em Jesus. Assim, só é possível gerar frutos aquele que um dia morreu.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

Feliz Páscoa!!!

E traziam-lhe também os meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.
Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Em verdade vos digo que, qualquer que não receber  reino de Deus como menino, não entrará nele.
Lucas 18:15-17

Que sejamos assim, puros de corações, e singelos ao falar do amor de Cristo por nós.
FELIZ PÁSCOA!!!
Naquele que verteu seu sangue por nós,

Renata.


terça-feira, 5 de março de 2013

As mulheres como propriedade privada no Antigo Israel - parte II


 
Violência contra as escravas

Existem em nosso estudo quatro tipos de mulheres escravizadas: as escravas domésticas, as escravas concubinas, as escravas temporárias e as filhas feitas de escravas.

As escravas domésticas

 Geralmente eram mulheres estrangeiras compradas como escravas, ora para ajudar nos trabalhos domésticos (dadas como presentes à esposa do senhor das terras), ora para dar em casamento a algum servo temporário com o propósito de fazê-lo escravo permanente. Agar, por exemplo, era escrava de Sara e foi feita concubina não por seu ʼadon Abraão, mas pela esposa deste. (Gn. 16:6).

As escravas domésticas eram vistas como desqualificadas socialmente por serem extremamente pobres. Esse tipo de escravidão era altamente lucrativo, pois os filhos de tais mulheres também se tornavam propriedade do senhor, virando assim, patrimônio ou moeda dele.

Outra forma de se obter escravas domésticas era através de despojos de guerra, como no caso dos filhos de Jacó quando saquearam Siquém (Gn 34:25-29)

Além da subjugação das mulheres estrangeiras na guerra, muitas vezes ao conquistar a cidade inimiga, as mulheres sofriam estupro em comemoração, como forma de humilhação aos derrotados.

Contudo, tais mulheres embora não possuíssem grandes recursos e muito menos direitos, não deixavam de lutar contra os maus-tratos, o que muitas vezes acabavam por gerar maior violência contra elas. O ambiente é de constante conflito entre os senhores e as escravas domésticas.

No livro de Êxodo temos “a escrava” descrita por ʼamah que significa escrava do homem, embora tenhamos visto que muitas vezes, as senhoras eram “presenteadas” com escravas domésticas, como é o caso da esposa de Abraão.

A escrava deixa neste caso de ser um ser humano e é tratada por seu proprietário como uma coisa, um bem, assim como o gado. Tais mulheres são castigadas com vara ou bastão, e o nível de violência a elas infligido é tão aterrador que chega muitas vezes à morte.

Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;
Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu.
                                                                                                                                     

                                                                                                                                      Êxodo 21:20-21

 

E quem será capaz de vingar uma escrava estrangeira? Uma mulher que foi capturada na guerra? Uma menina pobre que foi vendida? A escrava doméstica está dentro da hierarquia patriarcal como a última dos últimos.

Os filhos das escravas

Assim como os corpos das mulheres, os frutos de seus ventres também pertenciam ao senhor. Desta forma, as crianças eram transformadas em fonte de lucro, pois quanto mais filhos, mais escravos e maior patrimônio do dono.

Quando uma mulher era dada por esposa a um servo (escravo temporário) isso era feito de maneira premeditada, pois após o término de seis anos, ou melhor, tempo de prestação de serviço, o servo deveria escolher entre a liberdade ou a família.

Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu Senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair livre, então seu Senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu Senhor lhe furará a orelha com uma sovela, e ele o servirá para sempre. Ex. 21: 5-6  

 

As escravas concubinas

As escravas poderiam somente ajudar nos afazeres ou então serem transformadas em concubinas e neste caso, além dos afazeres domésticos deviam também manter relações sexuais com o ʼadon.

As mulheres no livro da aliança, segundo êxodo 19, 20, 22 e 23, não possuíam direito nem sobre a sexualidade e nem sobre a reprodução de seus corpos. Contudo, a escrava concubina possuía um poder diferente da escrava doméstica, pois se não fosse atendida em seus direitos básicos (alimentação, vestes, direito conjugal) podia recorrer e pedir liberdade.

Se ela não agradar ao seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente com ela.
Mas se a desposar com seu filho, fará com ela conforme ao direito das filhas.
Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação marital.
E se lhe não fizer estas três coisas, sairá de graça, sem dar dinheiro. Êxodo 21:8-11

 

O concubinato era um nível intermediário entre a dependência da mulher no matrimônio e a total escravidão. A mulher, neste caso, sofria dupla violência, pois não podia escolher a quem se entregar, e ao mesmo tempo sem um homem (senhor, marido, pai) não era “ninguém”. Em êxodo 21 vemos um claro exemplo da “coisificação” da mulher: [...Porque é dinheiro seu.

Escravas temporárias

Com a questão dos saques, roubos de gado e destruição das plantações, muitas pessoas se viam empobrecidas e obrigadas a se “vender” temporariamente, a fim de pagar sua dívida.

Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça.

Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele. Êxodo 21: 2-3

 

Se a mulher fosse escravizada com seu esposo, essa estaria liberta ao fim do período por ser propriedade do marido e não do senhor. A liberdade, assim como a sexualidade era o sistema de troca do período. Contudo, as escravas temporárias possuíam uma “liberdade” maior que as escravas domésticas, pelo fato de estarem escravas e não serem escravas. Elas sabiam de suas condições e direitos mediante o livro da aliança e por tal motivo não se deixavam subjugar facilmente.

O livro da aliança diz que se tais mulheres sofressem violência física poderiam sair antes do tempo previsto. (Ex. 21: 26,27). Pois eram filhas da terra e não estrangeiras como a maior parte das escravas. E por não se submeterem totalmente aos senhores, era muito comum sofrerem violência física. Geralmente a agressão era no rosto, ferindo os olhos ou quebrando os dentes, como ocorreu com Bilah, concubina de Jacó, que teve seus dentes quebrados por se deitar com Ruben, filho de seu senhor.

Filhas transformadas em escravas

Como a riqueza do período era medida por gado e terras, o casamento acabou por se transformar num negócio, tanto para continuação da linhagem, como fonte de lucro.

Ter um filho homem em tal época era altamente lucrativo, uma vez que ao se casar o mesmo herdava o dote de sua noiva. Em contrapartida, ter uma filha constituía verdadeiro prejuízo financeiro, principalmente nas famílias menos abastadas.

Assim, se o pai não tivesse dote a oferecer ao pretendente de sua filha deveria ceder parte do seu patrimônio. E como muitas vezes o pai possuía uma única propriedade, se via obrigado a vender uma das filhas como concubina para poder oferecer o dote a um noivo de posses que pudesse casar com outra filha, continuando assim o nome da família. Muitos senhores ainda compravam as filhas de outros para serem concubinas de seus filhos.

Quanto menor a menina, maior o valor econômico que a mesma possuía. Desta forma, muitas eram vendidas ainda crianças. A sexualidade era uma grande moeda a ser negociada.

Há grande diferença entre homens e mulheres no AT. Um homem ao se fazer escravo, para pagar dívidas, estaria livre após o período de seis anos, entretanto, uma filha negociada por seu pai jamais deixaria a condição de escrava. (Ex. 21:7)

E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos.
Êxodo 21:7    

O pai ao vender a filha, vende “os serviços sexuais da menina”. O concubinato desta forma é a total degradação da mulher. Um verdadeiro ato de “estupro consentido” por aqueles que deveriam zelar por suas filhas. A mulher é constantemente humilhada... ultrajada e menosprezada no Israel pré-monárquico.

Em Juízes 19:1-30 temos um exemplo claro de um velho que para proteger a um levita ao qual o mesmo tinha dado abrigo, oferece aos homens da cidade a concubina do levita e sua própria filha virgem, dizendo:

Não, irmãos meus, ora não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura.
Eis que a minha filha virgem e a concubina dele vo-las tirarei fora; humilhai-as a elas, e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais essa loucura. Juízes 19:23-24
                                                                                                                                                         

 Desta forma, as mulheres são oferecidas para aplacar a fúria dos homens. São feitas de “oferta pacífica” a fim de preservar a vida do levita.

Filhas Seduzidas

Não bastasse toda violência, ainda temos os casos das filhas seduzidas. Em muitas ocasiões a betulah (virgem) ainda nem havia sido oferecida em casamento de tão menina que era.

Êxodo 22: 15,16 nos exemplifica tal questão. A sentença do verbo pth (seduzir, induzir) que se encontra no piel dá o significado de persuadir de modo sedutor, referindo-se a própria pessoa. O que nos indica contextualmente que a betulah foi enganada, desencaminhada por seu algoz.

Devemos entender que quando em alguma passagem bíblica encontramos o verbo shkb (deitar-se) este está se referindo ao ato sexual e está no sentido de perversão nas relações sexuais, tratando-se, portanto, de relações ilícitas (Ex. 22:17, Lv 18:22, Dt. 27:21), pois no caso das relações lícitas, geralmente os verbos empregados são conheceu, entrou.

Nesta situação o pai da virgem deflorada, como seu proprietário, teria duas alternativas:
  1. Entregar a filha a seu estuprador, ganhando o dote da mesma, como ocorreu com Dinah filha de Jacó (Gn. 34);
  2. Receber o valor pelo hímen retirado de sua filha, e ainda assim não entrega-la ao seu violador. Uma vez que tal ato constituí prejuízo econômico ao pai, pois a "mercadoria de sua casa foi danificada". Entretanto, neste caso a menina ficaria em desgraça, pois não mais constituiria matrimônio. 

Em ambos os casos, era comum culparem as mulheres pela violação sexual sofrida. Não bastasse toda violência, tanto física quanto psicológica, tais mulheres ainda sofriam com a degradação moral e social, pois a culpa por não ter conseguido guardar sua pureza, sofrendo dessa forma estupro, era sua e não de seu agressor.

Devemos entender que numa sociedade patriarcal a sexualidade e reprodução da mulher são vistas como patrimônio do homem (pai, marido, senhor) e a violência sexual por ela sofrida é uma afronta ao seu senhor, pois o corpo da mulher não a pertence, é moeda econômica e fonte de lucro, assim como o gado.

Claro exemplo da negação dos direitos femininos é a passagem na qual Ló, para proteger os mensageiros, oferece aos homens de Sodoma, a virgindade de suas filhas, mesmo sabendo que tal ato faria com que elas caíssem em desgraça. (Gn. 19:8)

As mulheres não têm voz e nem vontade, estão totalmente subjugadas à vontade de seus proprietários.

Quando Amnom forçou sua irmã Tamar a se deitar com ele, essa ainda tentou argumentar, dizendo para que não o fizesse, pois cairia em desgraça para sempre e ainda teria o nome de seu pai, Davi, envergonhado. Mas, a animosidade de Amnom para satisfazer-se sexualmente falou mais alto que as súplicas de sua irmã e segundo o relato bíblico (2 Sm. 13:1-22), Tamar após ser violada teve sua voz silenciada e prosseguiu até o fim de seus dias, solitária na casa de Absalão.

Assim, verificamos que só duas saídas eram possíveis para tais mulheres: casar-se com seu estuprador e ter que olhar diariamente para aquele que a deflorou e que “por se deixar ser violentada”, muitas vezes era maltratada pelo próprio marido-estuprador, pois se ele a deflorou foi por culpa dela própria. Ou então, a mulher violentada caía no esquecimento, por não haver como perpetuar o nome da família. Pois uma mulher violada jamais contrairia matrimônio. E por não ter conseguido guardar “o investimento monetário” do pai, tal menina não era digna de sua família, principalmente se esta não fosse detentora de posses. Por tal razão, muitas dessas mulheres brutalmente violadas, não vendo perspectiva, acabavam por se prostituir, pois sofriam discriminação dentro do próprio lar.

Além da escravidão, outro grupo de mulheres sofria constante opressão: as feiticeiras. Contudo tais mulheres eram independentes, e não se deixavam dominar. E tal fato era uma verdadeira pedra no sapato, ou melhor, nas sandálias dos homens do Antigo Israel.

As mulheres feiticeiras

Temos que entender que todo povo de Israel nessa época adorava diferentes deuses. Eles ainda estavam tentando compreender o EU SOU que os livrou do cativeiro e dessa forma, a prática da feitiçaria não constituía propriamente um problema para os israelitas, a não ser pelo fato da independência dessas mulheres. Tanto é verdade que a “caça as bruxas” só foi realizada contra as feiticeiras e não contra todos aqueles que praticavam feitiçaria, dentre esses muitos homens. Muitas feiticeiras também desempenhavam papel de parteiras e por isso eram muito solicitadas e até prestigiadas dentro da comunidade.

Assim como ocorre no Brasil, o Israel tribal vivia num sincretismo religioso e as práticas de magia eram consideradas normais naquele sistema, ainda mais, porque tais povos sofreram influência religiosa de outras nações, como, a Cananéia, a Assíria, e a Babilônica.

Pesquisas arqueológicas trouxeram à luz vários esquemas mágicos como: tabuinhas de execração com maldições contra o inimigo, porque se acreditava que as palavras de bênçãos e maldições tinham um poder mágico. Há pequenas estatuetas com mãos e pés amarrados, através das quais se amarravam o inimigo com o aprisionamento, a doença ou a morte. Há muitos amuletos com pérolas azuis contra o mau olhado, pequenas mãos de prata para proteção de crianças e símbolos de deuses e demônios para garantir a proteção. (Georg FOHRER, Historia da religião de Israel, p. 188).

 

Ao confrontar Ex. 22:17,18 com Ex. 7,11, de diferentes versões bíblicas, verificamos que a tradução das palavras que tem como raiz kshp, dependendo da pessoa a quem se refere (se homem ou mulher) a interpretação será diferente. Se for aplicada ao sexo feminino a tradução será feiticeira, mas se estiver referindo-se ao sexo masculino, então será traduzido por sábio, ou encantador. Deixando-nos claro, a ideologia patriarcal presente no texto. À mulher cabe uma carga pejorativa, enquanto que ao homem um enaltecimento do sacerdócio.

Assim, podemos verificar que foi no santuário que emergiu a questão contra as feiticeiras (Ex. 23:19). As mulheres feiticeiras constituíam uma ameaça para os homens, pois atuavam de forma independente. Era de dentro de suas casas que executavam suas poções, seus encantamentos, ou então na casa das gestantes as quais elas ajudavam no parto.

Tais mulheres possuíam grande prestígio para com as outras mulheres, pois a mortalidade infantil era muito alta naquele período e as grávidas recorriam às feiticeiras para que nenhum mal sobreviesse a seus filhos, sendo por meio da grande experiência como parteiras ou através de poções para um bom parto.

E foi exatamente essa autonomia e prestígio dentro do clã que fez com que os sacerdotes perseguissem tais mulheres e não o fato delas invocarem deuses domésticos.  O que o poder patriarcal queria era se apropriar e subjugar não só as feiticeiras, mas toda e qualquer forma de independência feminina.

Concluindo...

Infelizmente a questão da violência e opressão contra as mulheres não é uma exclusividade do Antigo Testamento. Nos dias atuais embora a mulher tenha conquistado espaço, ainda vemos muita brutalidade contra o sexo feminino e grande parte dessa violência ocorre no espaço doméstico, por aqueles que deveriam protegê-las.

O decorrer da história feminina é de constante luta e empenho para se fazer ouvir, pois não cabe mais a máxima: a mulher que tu me deste me deu do fruto e eu comi.

Jesus há muito deixou clara a importância feminina. Pois mesmo vivendo num ambiente patriarcal cercou-se de mulheres em seu ministério, enaltecendo o sexo mais desprezado: Marta, Maria, a mulher do fluxo de sangue, Maria Madalena, Maria sua mãe e tantas outras...

Sempre procurou fazer do menor o maior e desta forma fez de uma menosprezada uma das suas maiores seguidoras, inclusive transformando essa mulher de prostituta à Maria Madalena, serva de Cristo e  testemunha ocular de sua ressurreição.   

O que o homem tentou tornar vil, Deus enalteceu de forma tremenda, derramando sua graça.

Naquele que se fez homem e fez questão de nascer de uma mulher,

Paz seja convosco!

 

 

Bibliografia

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional. Paulinas, Nova Edição Revisada, 1998.

CHOURAQUI, André.  A Bíblia: Nomes (Êxodo).  Rio de Janeiro: Imago, 1996.

DREHER, Carlos Arthur. O livro dos Juízes. São Leopoldo: CEBI, 1995. ( A palavra na vida, 87).

VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Teológica, 2003.

PIXLEY, George V. Êxodo. São Paulo: Paulinas, 1987. (Grande Comentário Bíblico)

CROATTO, José Severino. Êxodo, uma hermenêutica da liberdade.  São Paulo: Paulinas, 1981.

DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos: dos primórdios até a formação do Estado. Petrópolis/ São Leopoldo: Vozes/Sinodal, vol. I, 1997.

------------------------História de Israel e dos povos vizinhos: dos primórdios até a formação do Estado. Petrópolis/ São Leopoldo: Vozes/Sinodal, vol. II, 1997.

BRANCHER, Mercedes. A Violência contra as mulheres na vida cotidiana – um estudo do Livro da Aliança a partir de Êxodo 20, 22-23, 19. Tese de Doutorado. Instituto Metodista de Ensino Superior, São Bernardo do Campo, 2004.

segunda-feira, 4 de março de 2013

As Mulheres como propriedade privada no Antigo Israel - Parte I

Uma leitura a partir do livro de Êxodo – 19, 20, 22 e 23

 
No início do livro de Êxodo vemos mulheres ativamente atuantes numa “pré-sociedade” do Israel tribal, como por exemplo, Miriã, irmã de Moisés, que exercia a função de profetiza aos exilados no Egito, sendo ela a responsável pela celebração de júbilo a Yhwh após a passagem pelo Mar Vermelho. (Êxodo 15. 20,21)

Não só Miriã como também outras mulheres aparecem em posição de destaque: as parteiras Séfora e Fuá, a mãe de Moisés, a filha de Faraó, Zípora, Joquebede, Eliseba...todas enaltecidas nos textos e na comunidade. Entretanto, conforme Israel foi se estabelecendo em terra, ganhando contornos de uma pré-monarquia, as mulheres foram ao mesmo tempo perdendo status na sociedade.
É possível que as mulheres anteriormente descritas tenham sido “exaltadas” no cativeiro para enaltecer a figura de Moisés, já que a importância das mesmas se dá na preservação da vida do homem que libertaria os cativos do Egito. Após a fuga do julgo de Faraó, uma profetiza como Miriã, já não é “necessária” ou vista com bons olhos no Israel pré-monárquico, pois o povo tem a Moisés.

Além disso, toda mulher em determinado período do mês fica impura, sendo inconcebível ir ao monte para execução dos rituais de adoração ao Deus de Israel. Os homens então passaram a manter distância da mulher para não se contaminar com sua “imundícia” e assim poderem prestar culto para Yhwh. Dessa forma as mulheres começaram a ser excluída da comunhão direta com Deus. A elas cabia adorar o Deus libertador em silêncio, no interior do lar e muito longe dos lugares altos.
A partir da fixação de Israel, a saber, dos textos da aliança utilizados como base para este estudo, as mulheres passaram a ser vistas pela óptica sexual: como mães, filhas, concubinas e viúvas. A única identidade “ainda” preservada, mas não menos menosprezada é a figura da feiticeira, que até mesmo pelo fato de não se deixar subjugar continuando com sua atividade pública, passa a representar uma ameaça aos homens e ao poder que estes possuem como “mediadores diretos e exclusivos de Yhwh” e essa foi a principal razão de tais mulheres serem continuamente perseguidas.

Ao se fixar em terra que emana leite e mel, fixou-se também o poder patriarcal e assim a jornada de trabalho das mulheres passou a ser muito superior à dos homens. Esta era a “importância” das mulheres dentro do Antigo Israel: o “privilégio” de trabalhar muito para manter comunidade.
Eram elas as responsáveis pelo processo produtivo do campo, a transformação da matéria prima em alimento e a produção das vestimentas de todos de sua família, afora os afazeres diários como cuidar dos filhos e principalmente gerá-los, mantendo assim a descendência da tribo.

O livro da aliança é reconhecido como o conjunto jurídico mais antigo do AT e, por isso mesmo, nos baseará para falar da violência contras as mulheres. Conforme elas foram perdendo voz no antigo Israel os homens foram ganhando prestígio e poder. E dessa forma, a violência contra a mulher passou a ser instaurada e até justificada. Isso nos fica claro nos textos de Êxodo 19, 20, 22 e 23.
Nele, há várias formas de violência, deixando a mulher de ser humana para tornar-se um objeto de usufruto do homem. Assim observamos: filhas vendidas por seus pais, escravas entregues pelo senhor como pagamento a seus escravos, mães golpeadas e amaldiçoadas na família, escravas castigadas fisicamente,  filhas abusadas sexualmente ou seduzidas, viúvas oprimidas dependendo da ajuda do clã e feiticeiras perseguidas.

Devemos entender que o livro da aliança é escrito de forma patriarcal, isso quer dizer que há uma visão hierárquica de superioridade do sexo masculino. O ʼadon  é o senhor das escravas; o pai é proprietário das filhas e o marido é dono da mulher. As mulheres descritas estão sempre subjugadas a alguma forma de violência provinda do sexo masculino.
O ambiente agrário que permeia o texto de Êxodo contribui de certa forma para a violência que essas mulheres sofrem, pois como centro da agricultura temos o boi, a ovelha e o jumento, juntamente com o cultivo de cereais e vinhas; além da escavação de poços que começou nessa época. Trata-se de uma sociedade que depende da solidariedade entre as famílias, e no foco principal temos a mulher como mantenedora não só da casa como de grande parte dos afazeres do Clã.

Dentro desse cenário de opressão, ocorria também muito roubo de gado e saque às moradias o que acabava por gerar conflitos que desencadeavam na queima das plantações. E uma vez vendo-se sem gado e sem os alimentos, o dono da propriedade, tinha como única saída negociar suas filhas como escravas (Ex. 21.7), ou então, fazer-se ele próprio escravo.
Em Êxodo 21:14 notamos sequestros de pessoas e assassinatos por traição e nos capítulos seguintes observamos também violência dos filhos contra os pais, brigas entre vizinhos e filhas estupradas. Ou seja, o ambiente que permeia o Israel pré-monárquico é de constante conflito e a mulher passa a constituir mais um bem a ser negociado quando a escassez aumenta.  

No próxima postagem veremos mais de perto cada uma dessas mulheres e a forma como elas serviam de moeda ao seu ʼadon (senhor).

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Eis que o pequeno se fez grande!

Numa Igreja vazia, um pastor visitante começa a escutar uma linda melodia e vai ao encontro da belíssima voz. Chegando ao templo depara-se com um mendigo, usuário de drogas e, morador de rua na cidade Santos Dumont em Minas Gerais. 

Uma imagem vale mais que mil palavras e a canção deste homem foi uma das orações mais lindas que já presenciei: simples, verdadeira e fruto do coração. 
Um verdadeiro clamor ao coração do Pai!

E logo me veio à cabeça o trecho de um filme que assisti há pouco tempo, filme este chamado: o sobrevivente. Nele o ator principal dizia: "para sobreviver você precisa esvaziar o que está cheio, encher o que está vazio e quando sentir vontade de coçar, coce!

Há tantas pessoas se dizendo cheias, repletas de Deus e no entanto, tão vazias. Enquanto que o pobre mendigo que devia estar vazio, por nada possuir...Ah!...esse foi verdadeiramente repleto do Espírito Santo de Deus!


A Mochila


Recebi essa ilustração por e-mail e resolvi compartilhar com vocês.

Um fervoroso devoto estava atravessando uma fase muito penosa de sua vida, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo que o livrasse de tamanhas tribulações.
Um dia, enquanto fazia suas preces, um anjo apareceu, trazendo-lhe uma mochila e a seguinte mensagem:

- O Senhor se compadeceu da sua situação e lhe manda dizer que é para você colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir, e carregá-la com você, em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante sequer. Manda também lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo, ao abrir a mochila, terá uma grande alegria. E desapareceu, deixando o homem bastante confuso e revoltado. 


Como pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu oro sem cessar, pedindo sua ajuda, e Ele me manda carregar pedras? Já não me bastam os tormentos e provocações que estou vivendo? - pensava o devoto. Mas, ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor, ela lhe disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos céus, e concluiu dizendo:

- Deus sempre sabe o que faz...

O homem decidido a não fazer o que o Senhor lhe ordenara, mas, por via das dúvidas resolveu cumpri-la em parte, após ouvir a recomendação da sua mulher. Assim, colocou duas pedras pequenas dentro da mochila e carregou-a nas costas por longos doze meses.
Findo esse tempo, na data marcada. mal se contendo de tanta curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do Senhor e descobriu que as duas pedras que carregava nas costas por um ao inteiro tinham se transformado em pepitas de ouro..., apenas duas pequenas pepitas!

Todos os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores e mais duros de suportar, são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes de crescimento.
Temendo a dor, a maioria se recusa a enfrentar desafios...temem partir para novas direções...temem sair do lugar comum, da mesmice de sempre.

Temendo peso e cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações novas, embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito.

Mas aqueles que encaram pra valer as situações que a vida propõe, aqueles que resolvem "carregar as pedras", ao invés de evitá-las, negá-las ou esquivar-se deles, esses alcançam a plenitude do viver e transformam, com o tempo, o peso das pedras que transportaram em peso de sabedoria.

Como está sua mochila?
NELE que quer nos encher de cuidados, 

Renata.