quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Desabafo







Jesus de milagres: milagres para quem?

E da mesma maneira também o Espírito Santo ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito de Deus intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede por seus filhos.

Romanos 8:26-27

 
 
Estou passando por um drama pessoal que me fez pensar muito sobre as questões dos milagres de Deus.
Meu avô encontra-se internado, doente, com apenas um dos rins funcionando precariamente a 8% e por ser um “lindoso” de 84 anos a hemodiálise só está por lhe dar uma sobrevida na terra.
Perdi minha avó, sua esposa, em 2010 com Alzheimer e também fazendo hemodiálise por conta das complicações que a doença lhe causou.
Desde então, meu avô vem se entregando, morrendo um pouco de saudade dia a dia.
O último sábado, o visitei no hospital e ele estava brincalhão como sempre, sentado na maca, me esperando com um sorriso lindo no rosto e seu chapéu estilo “Chaves” que tanto gosta.
Eu, brincando com ele, lhe disse que era para ele passar uns dez na fila de ida para o céu, porque ainda tinha que ficar uns vinte anos com a gente.
Ele me disse que vinte anos eram muita coisa e então pegou minha mão apertando com força e falou:
 
− Minha filha estou cansado! Aquele aperto de mão me fez entender muita coisa.

 
Todos, em minha família, estão orando por meu avô e já escutei muitas frases do tipo:

 
− Ah!!! Deus é Deus do impossível! É Deus de milagres e o Murílio irá ficar curado!!!

 
E tais afirmações têm me deixado muito reflexiva...
 
Concordo. Deus simplesmente É! Para ele não há impossíveis, porque ele é o Deus em que tudo é possível! Ele opera milagres. Não tenho dúvidas disso!
Mas a grande questão que me deixou pensativa é: milagres para quem?
Milagre de cura para eu continuar minha vidinha enquanto meu avô sofre com a falta de conversa, companhia, companheirismo da minha avó? Sim, porque por mais que estejamos com ele, chega um momento em que cada um segue seus compromissos e ele se vê solitário.
Ora, se o milagre não acontecer do jeito que queremos ou esperamos, não significa dizer que milagres não aconteceram!
Jesus fazia o milagre para o doente, no doente e não em seus entes queridos!
O espinho na carne encontra-se com aquele que sofre e por mais que sintamos pelo seu sofrer, a dor maior encontra-se nele e não em nós.
Muitos poderiam se condoer do fardo que carregava a mulher com o fluxo de sangue, mas a dor era só dela. Somente ela e Jesus sabiam o seu verdadeiro sofrer.
Nos momentos de doenças, com a iminência da morte, temos o errado hábito de pedir pela cura do doente. Devemos orar pelo doente, mas, nossa oração deve ser para que Deus faça a vontade dele e não a nossa!
Sim, porque se cremos que Jesus morreu e ressuscitou nos dando vida em abundância, então a morte daquela pessoa que se encontra enferma também é um milagre de Deus, pois já não mais está doente, mas curado ao passar desse mundo de morte para a vida plena em Jesus Cristo.
Só o Espírito Santo de Deus para ter misericórdia de nós. Como somos pequenos e limitados!
A doença de meu avô me fez repensar muitas coisas, mas principalmente o lidar com a morte. A cada dia que passa vejo que o egoísmo que nutrimos por aqueles que amamos nos faz orar de forma errada, e assim, esperamos a resposta de Deus que queremos ouvir e não a que ele realmente dará.
Desde então, mudei minha oração em relação ao meu avô e creio que nunca mais verei a morte da mesma maneira. Se dessa vida meu avô passar, sei que com Jesus ele estará! Hoje, oro para que Deus faça a sua vontade, o seu milagre de cura, da forma que ele achar melhor.
E seja qual for sua decisão eu darei glórias ao seu nome, pois, sei que ele é o Deus da minha Salvação!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Minha releitura do Salmo 6




Senhor Yahweh sou como uma criança de colo que tenta dar os primeiros passos.

Não brigue comigo por eu não conseguir andar sem me apoiar e por me debruçar em lugares que podem me machucar. Não me repreendas e nem me castigue por estar caminhando de forma errada, pois estou tentando, Deus meu!

Olhe para mim com seu mais doce olhar, porque ainda sou fraco, pequeno e indefeso. Se eu cair no caminhar, levanta-me; como um pai que ensina o filho a dar os primeiros passos. Pois meus ossos e pernas ainda estão se firmando. Estou tentando aprender a andar em teus caminhos.

Tenho medo Yahweh! Temo por meu corpo e minha alma, porque o desconhecido me espera. Aba Pai!!!...Até quando estará somente a observar meu caminhar? Fitando-me de longe?

Sabes que sem ti eu não conseguirei. Ajuda-me Deus meu! Ensina-me a me movimentar e apressa-te em me apoiar quando eu estiver a cair, pois tu és meu Pai de amor.

Porque se não me ajudar e eu vier a tombar, quem poderá engrandecer e louvar a ti?

Quem dirá: meu pai ensinou-me a andar. E se eu perecer, quem enaltecerá teu nome? Não permitas por isso, pai, que nada de ruim me aconteça.

Estou cansado de tentar e fracassar. Estou farto de chorar por não conseguir alcançar meus objetivos.

Minha cama conhece a amargura de meu coração e minha decepção em não conseguir me mover como convém. Meus olhos mostram toda frustração de meu ser e cada vez mais me vejo enfraquecido pelos obstáculos que impedem que eu me coloque de pé e aprenda a andar.

Tira Senhor tudo aquilo que me impede de aprender a caminhar em ti, pois somente tu sabes a amargura que toma conta de todo meu ser cada vez que me vejo falhar.

Paizinho dá-me tua mão. Levanta-me e vem me cercar, ensinando-me a me movimentar. Tirando todos os obstáculos de minha frente, para que eu finalmente firme meus passos e ande.

Pois tudo aquilo que me ensinar eu nunca mais esquecerei! E todos verão que tu és meu Pai e reconhecerão em mim os teus ensinamentos.

Amém!   

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Luto nosso de cada dia – parte final



 

O luto é nosso...a glória deles!

 

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

    E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?

João 11:25-26

 

 
A morte, a separação daqueles que amamos é algo extremamente difícil, doloroso. Trata-se de uma dor física por saber que não mais estaremos com aqueles que até então fizeram parte de nossas vidas.
 
 
A Bíblia nos diz em Romanos: “Porque o salário do pecado é a morte...”.
Todos nós pecamos pelas mãos de Adão e Eva e já nascemos sobre esse mal. Assim, a morte de cada um  torna-se uma certeza.
Mas o versículo não para por aí, ele prossegue “...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6:23 
Dessa forma, a morte não é o fim, mas uma passagem de um mundo corruptível para uma vida plena ao lado de Deus.
 
 
Quando perdemos alguma pessoa amada o sofrer, o chorar, o luto é extremamente normal e até saudável, pois, a dor da perda é amenizada pelo choro. E Jesus nos ensinou isto, mostrando-nos por diversas vezes, por exemplo, quando chorou ao receber a notícia da morte de Lázaro, mesmo sabendo que o ressuscitaria (João11). Ao ser avisado da morte de João Batista (Mt. 14.12). No Getsêmani quando se encontrava angustiado por saber que sua hora estava chegando. (Mt.26.38), etc.
 
Mas há uma tênue diferença entre o sofrer por saudade e o desesperar-se pela morte. Como já falei anteriormente, Davi cria que seu filho ficaria no Sheol, no não-lugar, onde a pessoa permanece para eternidade e lá nada faz e não há esperança de estar com Deus.
O rei de Israel não possuía as informações que temos hoje sobre a morte e ainda assim sua confiança em Yahweh era tão grande que ao receber a notícia do falecimento do filho, simplesmente glorificou a Deus e agradeceu.
 
Ora, se para Davi o Sheol significava o esquecimento do ser e ainda assim ele bendisse o nome de Deus, porque que para nós a morte tem que ser um tormento? Por acaso não cremos que Jesus morreu na cruz vencendo a morte?
 
Porque se assim acreditarmos, então o lamento deve ser por nós e não pelos que se foram. A dor é nossa, o luto é nosso! Aos que se foram cabe-lhes a plenitude da vida na companhia de Deus. Num lugar que não mais há dor...maldade...doenças.
 
As orações e preces devem ser por nós que ficamos, para que Deus console nossos corações e não pelos que em Deus já são e estão. Nenhuma oração, prece ou culto pode modificar o destino de um morto, pois sua passagem desse mundo para junto de Deus há muito já foi escrita no livro da vida.
 
“Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos. Salmos 116:15” Jesus Cristo nunca se arrependeu de levar ninguém, ao contrário, ele tem prazer em nos resgatar desse mundo mau.
 
Cristo morreu para nos dar vida e não morte. E se desejássemos que a pessoa que se foi permanecesse conosco, então em nosso mais puro egoísmo estaríamos desejando-lhe o mal. Indo contra a vontade de Deus, pecando seriamente contra ele, por não aceitar que ele nos fez, dando-nos a vida e que ele pode tomar para si os que dele são na hora que bem o convier.
 
Só se desespera pela morte aquele que não possui a certeza que Jesus Cristo, Deus que se fez homem, morreu em nosso lugar e ressuscitou ao terceiro dia, nos dando a chance de estarmos com ele quando desse mundo passarmos.
 
A morte nunca foi o fim, mas o começo! E quanto a mim, quero sinceramente viver como Paulo, porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Filipenses 1:21
 
Então chore! Chore por ti, por mim, por nós que ainda estamos num mundo de sofrimento. Mas alegre-se no Senhor pelos que se foram e espere em Deus um dia reencontrá-los.
Porque uma certeza temos: nós iremos para eles, mas eles nunca mais voltarão à nós! Pois em glória já estão!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Luto nosso de cada dia – parte II





 

Morte, Sepultamento e Luto

"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados..."

Mateus 5:4



A morte no Antigo Testamento era vista de duas formas: de forma natural ou como maldição.
Se esta se dava ao final da vida era tida como natural, pois o individuo teve vida longa e frutífera. Dessa forma, seu enterro era feito por sua família com todas as honrarias devidas. Entretanto, se a morte de dava muito cedo em determinada pessoa, ou se a pessoa não possuía filhos sobreviventes, então isso era visto como uma maldição.
Já no Novo Testamento, a partir do ministério de Jesus Cristo, a morte passa a ter outra conotação. Mas, tal aspecto, veremos mais adiante.
 
Sabemos que na Palestina o clima é muito quente e assim sendo, o enterro devia ser feito de forma muito rápida. Dessa forma, fechavam-se os olhos do morto, lavavam seu corpo e o envolviam em tiras de pano. E então o corpo era levado numa espécie de maca de madeira até o local do enterro. Não se usava caixão.
Geralmente esse local era uma caverna e funcionava mais ou menos como nossos jazigos atuais. Quando a caverna tinha de abrigar um número grande de familiares, ampliava-se então o espaço com prateleiras esculpidas nas rochas.
No NT muitas vezes uma pedra era usada para cobrir a entrada das cavernas sepulcrais, como no caso de Jesus.
Com o passar do tempo o número de cavernas tornou-se limitado para quantidade de mortos, então após o período de um ano os ossos eram retirados e transferidos para os ossuários, feitos em madeira ou pedra.

Assim como em nossos dias, os ricos tinham mais “honrarias” na hora do enterro e suas cavernas eram personalizadas com escadarias descendo até a rocha e uma laje de pedra era colocada em sua entrada. Já os menos desprovidos, como nossos indigentes, eram enterrados em covas rasas em chão aberto. O corpo então era enfileirado por pedras que contornavam o morto e uma laje de pedra era posta em cima e pintada de branco para “alertar” os vivos a não entrarem em contato com o morto. Caso contrário, tornavam-se impuros.

No ato do enterro começava uma grande exibição de dor em prol do morto, assim familiares de amigos choravam, gemiam, vestiam roupas desconfortáveis, rasgavam suas vestes, retiravam a barba, caminhavam descalços e cobriam-se de cinzas. Dependendo da situação financeira do defunto, carpideiras eram contratadas a fim de fazer maior lamentação. O texto de eclesiástico é bem propício para entendermos como era um funeral:
 

[Filho, derrama tuas lágrimas por um morto, entoa um lamento fúnebre para mostrar a tua dor, depois enterra o cadáver segundo o cerimonial e não deixes de honrar a sua sepultura.

Chora amargamente, bate no peito, observa o luto segundo merece o morto, um ou dois dias...depois consola-te de tua tristeza...]

 

O período do luto como observamos no texto como mensagem geralmente era de sete dias, mas dependendo da importância da pessoa este prazo poderia ser diferente. O de José do Egito, por exemplo, foi de 70 dias.
Juntamente com o luto dava-se um período de jejum que começava após uma festa fúnebre que era realizada junto ao túmulo.

 
O Sheol

 

Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará?

Salmos 6:5

 

A primeira coisa que devemos entender é que a morte no Antigo Testamento é diferente da morte para o povo no Novo testamento e consequentemente para nós cristãos como já mencionei.
Para o povo de Israel no AT o morto só tinha um destino, indiferente se o individuo foi bom ou ruim, temente ou não a Yahweh, o fim era um só: o Sheol.
O Sheol no Antigo Testamento era um lugar no fundo da terra que a todos acolhia. Estando muito longe da habitação dos vivos e de impossível retorno à vida (cf. Pr.2.19).
Era visto como a casa da eternidade, um local de silêncio, esquecimento e aniquilação (Sl. 88.12). Um lugar de total escuridão, de onde não se é mais possível louvar a Yahweh, pois é somente na vida que o homem pode ter um encontro com Deus.
É somente depois do exílio babilônico que iremos encontrar algumas mudanças sobre as crenças judaicas em torno da morte. No livro de Daniel temos um indício da crença na ressurreição do corpo. Mas mesmo no NT teremos grupos que defendem a ressurreição – fariseus, e grupos que não acreditam como os saduceus.

Assim como nos dias atuais, também existiam no AT grupos que procuravam contato com o além-vida, pois alguns dos antigos israelitas criam que os mortos continuavam a desempenhar um papel ativo no mundo dos vivos, praticando para isso a necromancia, ou seja, a comunicação com os mortos através de um medium. Pratica esta condenada por Yahweh e pelos profetas.

Como podemos perceber, há muito mais semelhanças com nossos tempos do que diferenças. Hoje, existem os que acreditam na ressurreição e os que não acreditam. E ainda aqueles que procuram se comunicar com os mortos mesmo isso sendo condenado nitidamente tanto no AT como no NT.

No texto de 2 Samuel 12, Davi não possui a concepção da ressurreição. Para ele o filho de seu pecado irá para o Sheol. Ou seja, estará no não-lugar. Não há como encontrar-se com ele a não ser morto. Davi deixa isso bem claro quando diz aos seus servos: “...Novamente eu irei para ele, mas ele não voltará para mim”.
E mesmo assim, mesmo sendo o Sheol para Davi o local de aniquilação total do ser, ele nos deixa uma preciosa lição de fé e confiança nos desígnios de Deus. Davi simplesmente aceitou com resignação a decisão de Yahweh.

Ora, se Davi agiu segundo a vontade de Deus, mesmo sem ter garantia alguma, porque nós que temos a certeza de que a morte não é o fim nos desesperamos tanto?

 
Continua...
 

 

 

 

 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Luto nosso de cada dia – parte I




No dia 3 de agosto de 2012 postei um vídeo sobre o luto acompanhado do texto abaixo. Embora o vídeo por si só seja altamente explicativo, senti vontade de falar mais sobre a temática do luto.

Ao ler o texto de Eclesiástico, muitas pessoas podem confrontar o conteúdo do mesmo dizendo ser este um livro não pertencente ao cânon evangélico, o que é fato. Entretanto, assim como Provérbios, o livro de Eclesiástico demonstra a sabedoria popular de Israel e a meu ver não deveria ser desprezado, aliás, creio eu que nenhum livro não-canônico deveria ser menosprezado por nós, mas isso já é outro assunto, para um posterior post, quem sabe.

Assim, para aqueles que possam contestar a veracidade do excerto abaixo, tomarei como base para este estudo o texto de 2 Samuel 12: 15-23 numa tradução livre feita a partir do texto em hebraico.       

Para recordarem segue o link do vídeo sobre o luto.

 


“Filho, derrama tuas lágrimas por um morto, entoa um lamento fúnebre para mostrar a tua dor, depois enterra o cadáver segundo o cerimonial e não deixes de honrar a sua sepultura.
Chora amargamente, bate no peito, observa o luto segundo merece o morto, um ou dois dias...depois consola-te de tua tristeza.
Porque a tristeza leva á morte, e o coração abatido perde todo o seu vigor. Com a desgraça persiste a dor, uma vida triste é insuportável.
Não abandones teu coração à tristeza, afasta-a do teu próprio fim. Não esqueças: Não há volta! De nada serviria ao morto tua dor e ainda te prejudicarias.
Lembra-te de minha sentença que será também a tua: eu ontem, tu hoje!
Desde que o morto repousa, deixe repousar a sua memória. Consola-te quando seu espírito partir”. Eclesiástico. 38. 16-23.



Vejamos agora a tradução e posteriormente o texto como mensagem.


2 Samuel 12. 15-23

Tradução livre

E foi Natã para sua casa. E bateu Yahweh na presença do menino e adoeceu. O qual dera à luz a esposa de Urias para Davi.
E procurou Davi na presença de Deus e em favor do menino, Davi jejuou e jejuou. E entrou e passou a noite se deitando em terra.
E se levantaram uns velhos da casa sobre ele para o erguer da terra e com comida e não aceitou e não fez refeição.
E aconteceu no sétimo dia e o menino morreu.
E uns servos de Davi temeram expor para ele, porque diziam, pois, morreu o menino.
Eis que em acontecendo do menino vivo falávamos para ele e por nossa voz não ouvia.
E Davi, pois, viu seus servos cochichando e  compreendeu Davi que morreu o menino.
E disse Davi para os seus servos: morreu o menino?
E disseram: morreu!
E levantou-se Davi da terra e lavou-se e mudou suas mantas e  entrou na casa de Yahweh e prostou-se.
E entrou para sua casa e perguntou e puseram para ele pão e comeu.
E disseram seus servos para ele: que palavra é esta a qual fazes?
Por causa do menino vivo jejuastes e chorastes e como que morto o menino tu levanta-se e come pão?
E disse: enquanto ainda o menino com vida jejuei e chorei, pois  dizia: quem sabe ser misericordioso Yahweh e permanece com vida o menino.
E agora morreu. Para que eu jejuaria? Seria capaz para trazer de volta?
Novamente eu irei para ele, mas ele não voltará para mim.


O texto como mensagem

2 Samuel 12. 15-23

 

E foi Natã para sua casa. E bateu Yahweh na presença do menino e adoeceu. O qual dera à luz a esposa de Urias para Davi.

Estamos diante de uma situação anteriormente imprevista por Davi. Mesmo possuindo inúmeras mulheres, cobiçou a mulher de Urias, seu soldado e em nome do desejo mandou um justo para morte, tomando para si sua esposa, a qual engravidou do rei.

Dessa forma, encontra-se em grande pecado para com Yahweh e assim o profeta Natã é enviado ao rei a fim de lhe dar o oráculo de Deus. Seu filho perecerá!

Logo que Betsabá dá a luz, o menino adoece.


E procurou Davi na presença de Deus e em favor do menino, Davi jejuou e jejuou. E entrou e passou a noite se deitando em terra.

E se levantaram uns velhos da casa sobre ele para o erguer da terra e com comida e não aceitou e não fez refeição. E aconteceu no sétimo dia e o menino morreu.

 

Davi então começa uma corrida desenfreada pela vida de seu filho intercedendo pela benevolência de Yahweh. E então jejua, chora, clama e lamenta sua atitude de volúpia ao cobiçar o que não lhe pertencia.

É interessante observarmos que Davi cumpre um luto em vida. Ou seja, pelo período de sete dias o rei cumpre todo esse processo de intercessão que era tão inerente aos lamentos fúnebres. Geralmente o luto por um morto se dava no período de sete dias, nos quais os amigos e familiares do morto choravam, gemiam, usavam roupas desconfortáveis ou rasgavam as próprias vestes, caminhavam descalços, cobriam-se de cinzas e raspavam as barbas.

E é exatamente por sete dias que Davi se isola do mundo e se derrama aos pés do Senhor.

E uns servos de Davi temeram expor para ele, porque diziam, pois, morreu o menino. Eis que em acontecendo do menino vivo falávamos para ele e por nossa voz não ouvia.

E Davi, pois, viu seus servos cochichando e compreendeu Davi que morreu o menino. E disse Davi para os seus servos: morreu o menino? E disseram: morreu!

 

Diante da situação em que Davi se encontrava seus servos temeram muito dar-lhe a notícia da morte de seu filho com Betsabá, pois pensaram eles: se com o filho doente nosso rei encontra-se em tal estado, o que será do grande rei Davi acaso saiba que seu filho é morto?

Mas, Davi percebeu pelo falatório que seu filho era morto e então só indagou a fim de constatar o que no fundo já sabia.


E levantou-se Davi da terra e lavou-se e mudou suas mantas e  entrou na casa de Yahweh e prostrou-se. E entrou para sua casa e perguntou e puseram para ele pão e comeu.

 

Diante da notícia o rei se reergueu, tomou banho, trocou suas vestes. Foi até a Arca da Aliança e ali se prostrou ante o Senhor. Pois entendeu o motivo pelo qual Yahweh tomou para si o filho que prefigurava a traição do rei.

E logo depois retornou ao palácio, pediu pão e se alimentou.

E disseram seus servos para ele: que palavra é esta a qual fazes?

Por causa do menino vivo jejuastes e chorastes e como que morto o menino tu levanta-se e come pão?

E disse: enquanto ainda o menino com vida jejuei e chorei, pois  dizia: quem sabe ser misericordioso Yahweh e permanece com vida o menino. E agora morreu. Para que eu jejuaria? Seria capaz para trazer de volta?

Diante de tal atitude os servos de Davi não compreenderam, pois mediante os costumes aquele seria o momento de guardar o luto e chorar, jejuar, lamentar-se pelo ocorrido. E então o indagam porque agia daquela forma, alimentando-se.

Ao que Davi explica: enquanto havia vida era hora de clamar, de interceder para ver se Yahweh não cumpria em meu filho um castigo que deveria ser meu. Por isso jejuei, e chorei e fiquei recluso clamando pela vida de meu filho. Mas quando Deus estabeleceu sua sentença e cumpriu o seu propósito de que me adiantaria tamanho esforço? Traria por acaso tais atitudes a vida de meu menino?


Novamente eu irei para ele, mas ele não voltará para mim.



E continua Davi: Eu um dia me encontrarei com ele novamente, mas ele nunca mais voltará a mim. Ou seja, a sepultura um dia me espera, mas meu filho não mais voltará a viver.   



Continua... 

sábado, 18 de agosto de 2012

Ilustração sobre o sacrifício de Jesus por nós

Assisti este vídeo no programa Papo de Graça da http://vemevetv.com.br/2012/ e achei uma forma maravilhosa de ilustrar o amor de Cristo por nós. Por tal motivo achei por bem compartilhar com vocês. Que Deus nos abençoe!



Jesus foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Isaías 53:5 


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Jesus é a porta! Tudo mais é parede.





1  Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
3 E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
4  E para onde eu vou vós conheceis o caminho.
5 Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
7 Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
8 Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
9 Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe?
   Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?

                         João 14:1-9



Muitas pessoas dizem que é difícil entender as escrituras, que ela trata de alegorias, que foi escrita há muito tempo... Enfim, muita coisa é dita por muita gente e assim as pessoas preferem ler o livro A ou B de pessoas “iluminadas”, “evoluídas espiritualmente”, “pessoas preparadas”, ao invés de pedir o simples:

 ‘−Senhor Jesus, tu que explicavas desde mais simples aos doutores da lei, abre Senhor, minha mente e que eu entenda a Bíblia. Explica-me este livro pelo teu Espírito Santo. Amém!’

Experimente! Jesus é simples, quem complica tudo somos nós. As pessoas mais fervorosas na fé que conheço na maioria das vezes são as mais simples. Jesus era assim, pregava para o povo e não somente aos doutores entendidos da Lei.

Basta pedir com fé e vontade de aprender e então um texto como este acima poderá ser entendido de forma simples, tão simples como é uma conversa:

Jesus estava com seus discípulos e falava com eles após a última ceia explicando várias coisas. Dizendo: Olha, não deixe que o coração de vocês os engane. Acreditem sempre em Deus e no que eu estou dizendo para vocês.

O céu é infinito, tendo lugar para todos que acreditarem em mim e no que vim fazer aqui, e mesmo que não tivesse eu criaria mais lugares para que todos os que acreditarem em minhas palavras tenham a salvação.

Eu irei morrer para que isso aconteça, e depois voltarei, irei ressuscitar e será através da minha ressurreição que vocês terão lugar no céu. E quando tudo isso acontecer vocês entenderão qual é o caminho correto, e saberão muitas coisas que hoje não compreendem. E então Tomé interrompeu Jesus porque não entendeu do que ele estava falando. Que caminho era esse que o mestre dizia?

E Jesus explicou dizendo: − Olha Tomé o caminho sou Eu! Sou a única forma pela qual uma pessoa pode estar salva do inferno! Eu sou a Vida, o inferno a morte. Ninguém pode chegar perto de Deus se não for através de mim. Porque Eu sou a ÚNICA VERDADE!!!

Mas assim como hoje muitos não entendem, Felipe também não compreendeu e prosseguiu:     − Senhor mostra-nos o Pai, e isso nos basta! E Jesus de forma muito direta e simples, sem alegoria nenhuma respondeu para Felipe e está respondendo agora para VOCÊ!

Estou há tanto tempo com vocês e ainda não me conhecem??? Quem me vê, vê Deus, Felipe. E sabe por quê? PORQUE EU SOU DEUS!!! Eu me fiz homem para salvar vocês, mas nunca deixei de ser DEUS!

Muitas vezes lemos, escutamos, mas permanecemos sem ver o que está explícito, escancarado! Continuamos vendados pelo pecado e então complicamos o simples e criamos teologias, e teorias mirabolantes para tentar fugir da verdade.

Mas o fato é que Deus não precisa de nós, somos nós que precisamos dele! E embora o lobo mau diga que todos os caminhos levam à casa da Vovó, esta máxima não é verdadeira, o propósito do lobo é acabar com a vida, comer a vovó e acabar com a salvação, afinal ele é o pai da mentira!

Jesus é a única porta para a salvação! Não sou eu quem está dizendo isso, nem a “religião C ou D”. Quem nos disse foi o próprio Deus. Cristo disse que ele era O CAMINHO. Se existissem outros caminhos, ele diria: eu sou um caminho. Jesus Cristo não fala mentiras. Satanás sim!

Só existe uma porta e isso é certeza! E assim sendo todo o restante de coisas que ouvimos, coisas que não anunciam Jesus como DEUS, são paredes; e toda parede bloqueia, serve para impedir a passagem. Pense nisso!!!

E se no seu coração ainda houver dúvida, pergunte para você mesmo se o que você segue anuncia que Jesus é DEUS. E se em sua resposta Jesus for qualquer outra coisa que não DEUS, então, este não é O CAMINHO!

Ore e peça para Jesus: − Senhor, mostra-me a verdade!

Ele não deixa ninguém sem resposta! Se você leu até aqui, que Deus o abençoe e Jesus toque em seu coração. Amém!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Coração: filtro da Alma - Parte Final



O Coração e a Bíblia

Discussões filosóficas ou científicas a parte é no sentido metafórico do coração que quero me ater, em sua visão cardiocêntrica[1]. Não podemos desprezar toda bagagem da antiguidade na tentativa de compreender o homem e as coisas sagradas.

A Bíblia está repleta de passagens que apontam o lebad como centro dos sentimentos, sabedoria, pensamentos, vontade, paixões, etc. Para os judeus o coração é o órgão capaz de entrar em contato com Deus, pois Yahweh fala ao lebad do homem.

Vejamos algumas atribuições do coração: 


Funções e designações do  Lebad

Versículos correspondentes

Sede dos sentimentos, da coragem

2Cr. 17.6

Tomar um coração é tomar coragem

2Sm 7. 27

A alegria reside no coração

Dt.28. 47 – Jz 19.9 – Zc 10.7 – Sl 45.2.

Responsável pelo sofrimento e aflição

Jr 4.19 – Is 65.14.

Fonte de soberba

Jr 49.16 – 48.29

Simpatia

2sm 15.13 – Esd 6.22 – Ml 3.24

Preocupação

1 Sm 9.20; 25.25

Compaixão

Os 11.8

Irritação

Dt19.6 –  Pr 23.17

Resignação

Pr 14.30

Cobiça

Sl 21.3
 

E estas são apenas algumas aplicações que a bíblia dá ao coração. Ou seja, tanto no AT como no NT tudo reside no coração. Um homem de coração é um homem sensato, prudente; o tolo foi aquele cujo coração falhou; o vinho faz o homem perder o coração, ou melhor, o juízo Os 4.11.

Quando lemos a expressão “subir para o coração” significa que o pensamento veio à ideia, à mente Is. 65.17, pois é no lebad  que moram os pensamentos Jz. 5.15s. Ao lermos que Sansão abriu seu coração a Dalila, percebemos que ele não o fez no sentido carnal, de amor, mas que o mesmo confiou, entregou, compartilhou o seu mais íntimo segredo. Assim o coração simboliza o Eu do homem, seu esconderijo, sua personalidade. 1 Cor 14.25- 1 Pd 3.4. 

O que determinamos como traços de caráter nos dias atuais, o Talmud representa pelo símbolo do coração. Dessa forma, expressões como: “bom coração”, “mau coração” assume uma conotação ética. Com efeito, podemos observar a frase: echad bape veacher balev, a saber: uma coisa na boca e outra no coração, expressando a falsidade e hipocrisia de uma pessoa.

Ainda como curiosidade vale observar que nele reside toda solicitude e causa científica. Dele emergem duas artérias, das quais a esquerda bombeia mais sangue que a direita. Dessa forma, a artéria direita é tida por conter mais espírito, sendo este o motivo de aferirmos o pulso no braço direito.
 

Concluindo...

Coração: o filtro da alma

“...se tu olhares Senhor para dentro de mim. Nada encontrarás de bom...Dá-me um coração igual ao teu, meu mestre...dá-me um novo Coração!...”.

Nos dias atuais com tantos conhecimentos filosóficos, científicos e teológicos, creio que devamos repensar a função do coração em nossas vidas. É obvio que temos o conhecimento que a racionalidade se dá no cérebro, mas de onde emerge nossa fé?! Sim, porque a fé não é racional!

Estava eu escutando a música acima, quando tal questão veio à tona. E então me pus a pensar no “homem segundo o coração de Deus” e no excerto de 1 Samuel 16, quando o profeta Samuel mesmo sendo homem honrado deixou-se levar pela aparência de Eliav, por ser este de belo porte. E como resposta levou uma repreensão de Yahweh: “...pois o homem ayn para os olhos e Yahweh ayn para o coração.” Ou seja, Deus não olha o basar, nosso corpo, pois ele vê além, ele conhece nossa nefesh, alma. E nesse meditar observei que a questão cérebro x coração encontra-se no mesmo âmbito do corpo x espírito 

Em tempos que as palavras, informações e comunicação estão cada vez mais dinâmicas e rápidas, muitas vezes agimos impulsivamente, simplesmente na racionalidade, mas não usamos uma ferramenta muito antiga, que os povos mais arcaicos conheciam tão bem e usavam sublimemente: o coração. É nele que a Ruah de Yahweh é derramada, ou seja, seu espírito. Rm. 5.5 – 2 Cor. 1.22 – Gl. 4.6 e é nele também que Cristo mora e opera não pela razão, mas pela fé.

Por algumas vezes em minha vida agi impulsivamente, embora racionalmente. E me esqueci de passar toda situação vivida pelo filtro do coração e então minhas palavras, ou seja, minha racionalidade magoou muita gente e também feriu a mim mesma. Cheguei a ouvir em determinada situação a seguinte afirmação: “Você sabe usar muito bem as palavras e você com elas é capaz de destruir a vida de uma pessoa!” Nunca mais esqueci a pessoa que me falou e tampouco a frase por ela dita.

Eu agi com o corpo, com o cérebro, mas não com meu espírito. E minhas palavras que deviam edificar pessoas, estavam destruindo alguém. A partir desse episódio, passei a usar meu coração como um filtro. Antes de falar, escrever, aconselhar... Paro, medito e então filtro no meu lebad a questão, me fazendo a seguinte pergunta: Como Jesus agiria nessa situação?

Sim, porque muitas vezes tentamos ignorar situações, não responder quando somos afrontados, perseguidos, achando que o fingir não se importar é a melhor saída. Mas este nunca seria um posicionamento da parte de Cristo. 

Sempre que Jesus foi posto à prova ele assumiu primeiramente o posicionamento do silêncio, para quebrar a raiva, o rancor e, logo em seguida ele respondia com seu espírito, filtrando com seu lebad. E depois que a resposta era dada, o seu coração voltava à mansidão, à calma, à plenitude.

Obviamente não possuímos a santidade de Jesus e assim sendo, voltar à mansidão, não constitui tarefa das mais fáceis. Filtrar no coração é um exercício diário que devemos praticar e que deve fazer parte da nossa consciência de fé. Usar o coração para analisar as situações que a vida nos impõe é lutar contra as coisas da carne, que são tão próprias do homem. Despertando dessa forma cada vez mais nossa fé.

Usar o coração como filtro é também viver pelo Espírito Santo de Yahweh.





Bibliografia

J. L. Goff; N. Truong, História do corpo na Idade Média, Ed. Record. Rio de Janeiro, 2003.

L. C. Uchôa. Corpo e mente: uma fronteira móvel. Casa do psicólogo. Sociedade Brasileira de Psicanálise. São Paulo.

H. Lexikon. Dicionário dos Símbolos, Cultrix, São Paulo. 1990.

J. B. Bauer. Dicionário Bíblico-teológico. Loyola, São Paulo, 2000.

























[1] Visão do coração como centro do homem