Contexto
Histórico-Social do tempo do evento
Roma em 63 AEC chegou ao Oriente médio começando as invasões partas e
árabes e através de tais conquistas a Palestina passou a fazer parte do Império
Romano. Posteriormente, Herodes 40-4 AEC obteve de Roma o título de rei e foi
sob a dinastia Herodiana, por volta do ano 6 AEC que Jesus nasceu.
Após a morte de Herodes seu reino foi dividido em três e o mesmo confiado
aos filhos, sendo a Galiléia e a Peréia entregue ao comando de Herodes Antipas
(4 EAC – 39 EC), enquanto Arquelau, reinava sobre a Judéia, Samaria e Iduméia. Entretanto, devido o ódio que
os judeus sentiam deste, o mesmo foi exilado em Gálias e substituído por procuradores
romanos, dentre os quais, Pôncio Pilatos (26-36 EC). As demais cidades do reino foram entregues a Felipe.
A sociedade da época estava dividida em zelotes, herodianos, centuriões,
publicanos, escribas, saduceus, fariseus, samaritanos. E um novo grupo começava
a emergir: os seguidores de Cristo.
Durante muitos anos o evangelho existiu quase que exclusivamente sob a
forma oral. Os apóstolos narravam os acontecimentos da vida de Jesus e desses
sermões surgiram posteriormente o texto escrito. As palavras de Cristo eram
transmitidas, assim, no ensino catequético da Igreja Primitiva.
A sociedade era constituída por um misto
de culturas, religiões e convicções políticas. Oriundas de costumes judaicos e
romanos.
Não se pode dessa forma desmembrar os
grupos que compunham Israel no século I sem adentrar ao campo da política uma
vez que tudo para esta sociedade apresentava cunho político.
Segundo a óptica de Robert GUNDRY, em
seu livro, Panorama do Novo Testamento, p. 23 e 29 pode-se vislumbrar um
pouco melhor a sociedade de então:
“4 milhões de judeus viviam sob o domínio deste vasto
Império, o que representava ± 7% da população total do mundo romano [...].
Havia portanto um grande número de habitantes judeus naquela época, dos quais a
sua grande maioria, principalmente na região da Palestina, era pobre e em geral
alguns eram lavradores e outros porém viviam do comércio e da pesca.
A escravidão entre os judeus não era uma prática muito grande pois a maioria dos judeus palestinos eram tidos como cidadãos livres. Na sociedade judaica não havia muitos desníveis sociais por causa da influência niveladora do judaísmo”[...].
A escravidão entre os judeus não era uma prática muito grande pois a maioria dos judeus palestinos eram tidos como cidadãos livres. Na sociedade judaica não havia muitos desníveis sociais por causa da influência niveladora do judaísmo”[...].
Roma dava certa hegemonia aos judeus e
os sumos sacerdotes permaneciam no poder ajudando o governador romano.
Há ainda de salientar a importância que o sinédrio, as sinagogas e o templo
representavam para esta sociedade.
Sociedade
Como anteriormente mencionado, a
sociedade da época engloba um misto de grupos político-sociais, vejamos cada um
separadamente.
Zelotes
Este grupo originou-se a partir dos
fariseus, contudo seu cunho era mais político que religioso. Era composto em
sua maioria por pequenos camponeses e por pessoas oriundas das camadas mais
baixas da sociedade que se viam massacradas pelo fisco.
Eram nacionalistas ao extremo e
almejavam destituir Roma do poder, pois eram contrários ao governo de Herodes
na Galiléia. Seu verdadeiro anseio era restituir a monarquia a YHVH, retomando
assim o messianismo do êxodo.
Herodianos
Não podemos chamar os herodianos de um
grupo social propriamente dito, mas,o fato é que representavam a dependência dos
judeus aos romanos, uma vez que possuíam o poder da Galiléia nas mãos. Tinham a
incumbência de capturar agitadores e eram considerados os principais opositores
dos zelotes. (Mt. 22.16; Mc. 3:6; Mc.12:13)
Centuriões
e Publicanos
Os centuriões representavam o poder
militar da época e sobre serviço de Roma comandavam 100 soldados. Já os
publicanos, embora também representassem o poder romano outorgado, sua
incumbência maior estava no âmbito de recolher impostos e por tal motivo essa
classe era odiada pelos judeus. (Mt. 9:9; Mc. 2:14; Lc. 5:27).
Escribas
Também conhecidos como doutores da lei
possuíam grande prestígio junto à sociedade da época. Por serem intérpretes das
escrituras (copistas) os mesmos eram dotados de um amplo campo do saber
(administração, direito e educação), e por tal motivo influenciavam a escola, o
sinédrio e as sinagogas.
Não eram os mais abastados economicamente,
mas, devido ao seu “poder” político-intelectual, tornaram-se os guias
espirituais do povo, determinando, até mesmo, as regras para dirigir o
culto.
Saduceus
Este grupo era imponente, formado pelos
grandes proprietários de terras (anciãos) e pelos membros da elite sacerdotal. Eram
os responsáveis pelo controle do Sinédrio e assim detinham o poder nas mãos,
sendo os maiores colaboradores do império romano, fazendo desta forma uma
política de conciliação pois temiam perder seus cargos e privilégios. Já no
âmbito da religião mantinham uma postura conservadora aceitando somente a lei
escrita.
Fariseus
Tratava-se da seita mais segura da
religião judaica (At. 26:5) e fora criada no período anterior à guerra dos
Macabeus. Seu propósito era o de oferecer resistência ao espírito helênico que
havia se instaurado entre os judeus.
Eles sustentam a doutrina da
predestinação que consideram em harmonia com o livre arbítrio. Acreditavam na
imortalidade da alma e do espírito e, na ressurreição do corpo. Por fim, criam
nas recompensas e castigos da vida futura de acordo com os atos cometidos em
vida.
A essência de sua doutrina era viver em
conformidade com a lei indiferente de sua consequência. Por exemplo, guardar o
sábado era algo extremamente importante. No Sabah[1],
ou dia do Senhor, não podiam nem ao menos retirar um inseto pousado sobre a
roupa, por ser isto considerado trabalho, e no dia santo era inconcebível
trabalhar.
Embora buscassem primeiramente as coisas
divinas, ou seja, possuíam boas intenções religiosas (a principio), passaram a
amar mais a lei do que a Deus, fazendo tudo de forma mecânica, sem o primeiro
amor e fervor de Moisés a quem tinham como profeta e exemplo a ser seguido.
Não pertenciam ao judaísmo propriamente
dito, pois era um grupo característico da região palestinence. Eles observam
escrupulosamente o Pentateuco mais não aceitavam os outros escritos do Antigo
Testamento e frequentavam o Templo de Jerusalém.
Eram considerados pelos judeus como raça
impura por possuírem miscigenação com estrangeiros. E assim sendo, os
Samaritanos motivavam a contenda dos fariseus para com os novos Cristãos, já
que os seguidores de Cristo admitiam aos oriundos de Samaria os mesmo
privilégios dos judeus no âmbito religioso. (Lc. 10: 29-37; 17: 16-18; Jo. 4:
1-42).
A economia no período de Cristo
A economia da época estava fincada
basicamente sobre dois pilares: a agricultura e a pecuária. Estas serviam para
subsistência do povo, exportação e sustento dos trabalhos no Templo.
Profissões
e comércio
A principal profissão do período era o
artesanato. O próprio artesão fazia e vendia suas mercadorias. Todos deviam possuir uma profissão, mesmos os
escribas. As profissões mais praticadas por estes homens considerados “doutores
da lei” eram: fabricante de prego, comerciante de linho, padeiro, curtidor,
copista, fabricante de sandálias, arquiteto, comerciante de betume, alfaiate.
Já outras profissões eram tidas como
desprezíveis e por tal motivo jamais poderiam ser praticadas por homens tão
cultos, como por exemplo, a de tecelão.
A Síria era a principal exportadora de
produtos para Jerusalém, dentre eles, a lã em forma de tapetes, cobertores e
tecidos. Além destes produtos, a venda de unguentos e resina perfumada também era
praticada.
A arquitetura era outro grande ponto de
expansão em Jerusalém, uma vez que a família herodiana investia demasiadamente
em obras no referido período.
Além dessas profissões havia ainda médicos,
barbeiros, lavadeiras de roupas (ocupação tipicamente feminina) e em relação ao
Templo existiam os trocadores (que se ocupavam do dinheiro).
Outra atividade importante era a pesca muito
praticada devida geografia hidrográfica da região[2]
pois havia na Palestina uma grande variedade de pescado abastecendo a nação e
até exportando.
Jerusalém:
centro comercial da Palestina
Jerusalém era o centro do comércio e
transações econômicas. Por ser privilegiadamente a cidade localizada entre portos
(Ascalon, Jafa, Gaza e Acra) o mar tornara-se uma rota bastante útil,
principalmente com as contribuições marítimas por parte de Roma.
Dois aspectos contribuíram para que
Jerusalém abrigasse essa importante atividade comercial, primeiro por ser a
capital do Estado e a cidade do Templo e; depois por ser centro religioso e
político. Além, de abrigar a corte, a aristocracia sacerdotal e também a
nobreza leiga, que traziam consigo grandes recursos financeiros.
Fora Jerusalém, outra importante cidade era
Cesaréia que juntamente com a cidade do templo formava uma rota comercial por onde
passavam soldados, mensageiros, comerciantes, diplomatas, etc. Gerando, desta forma
muito mucro e dividendos para o império.
Dentre os impostos cobrados, existia um específico
ao Templo e deveria ser pago em moeda Tíria5 (tetradracma ou
estatere). Posteriormente esta mesma moeda começou a ser utilizada também para
transações comerciais, assim, uma moeda estrangeira tornou-se moeda do
santuário.
Além desse, existia ainda outro importante
imposto o publicum. Este incidia
sobre a compra e venda de qualquer produto. Tal taxa foi instituída pelos
romanos e cobrada na importação e exportação nas divisas regionais. Os grandes
responsáveis pelas cobranças de tais impostos eram os publicanos.
Continua...
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